A Céu Aberto

Uma Tarde na Ilha de Grande Jatte” – Georges Seurat

Uma Tarde na Ilha de Grande “Jatte” – Georges Seurat

Um Quadro, um momento retratado no tempo, uma encontro de vivências, uma ocorrência de luz, movimento e acção. A Obra Prima de Georges Seurat, “uma Tarde na grande ilha de Jatte” já me havia impressionado na primeira vez que vi uma imagem sua percorrer-me a retina, mas depois de conhecer maiores pormenores do Quadro, do seu criador, do seu momento criativo, da sua técnica, do seu percurso histórico até ao seu reconhocimento como Obra Matter, fez com que me apaixonasse em definitivo pelas suas cores, pelo seu “pontilhado”, pelo momento retratado, pela sua magnificiência…

O momento captado no tempo pela obra de Seurat é a Bela Paris do Século XIX, cidade Luz, expressa num momento de lazer, num ano longínquo de 1884, onde as tendendências de moda se cruzam e as convivências internas se jogam. Num parque verde, banhado por um azul de rio intenso passeiam-se figuras de corpete, num andar majestoso e firme, ladeadas por majestosos vultos cavelheirescas no traje e na pose. Algumas figuras revelam verdadeira libertação no relax, enquanto outras se manifestam pretensamente no rigor da máscara que ostentam em cada um dos seus passeios públicos. Neste parque citadino, num qualquer domingo do Século XIX, a cena repete-se infinitamente nas nossas memórias de um espaço e de um tempo qua faz parte do nosso ideário, do nosso imaginário, do nosso relicário.

Esta é a Paris que eu fixei no tempo, num momento de lazer igual a tantos momentos cerimoniosos conexos, primando pela elegância face ao conforto, primando pela imagem face ao conteúdo, primando pela superficialidade face à verdade. Uma Paris de outrora iguais a tantas outras do presente, mas com mais charme, mais cavalheirismo, mais elegância.

Georges Seurat, na forma, na técnica, na cor; no cruzamento e realce da cor, nas formas geométricas das suas figuras, na técnica da pintura ponto por ponto, expressa a magnificiência da obra artística, do valor incalculável da expressão humana irrepetivel, captada num momento singelo e único. Esta é a forma real da mais profundas realizações humanas, a expressão do homem na arte, na arte criativa, na aquisição irrepetivel de um momento único e singular dando forma à criação de uma obra única, a Obra Prima!

Tal como Deus se revela a cada momento na criação irrepetivel de novas formas e seres, assim o artista se revela a espaços na criação de algo mais grandioso que si mesmo, expressão da centelha divina incandescente em cada um de nós. O artista, seja pela sensibilidade, seja pela crença na sua capacidade, seja pelo seu metodismo, seja pela sua especial visão do mundo e das coisas, consegue tranportar-nos para o local da ocorrência do momento, da perfeição de cada momento captado pela sagacidade e sensibilidade de Deus expressa nos homens. Esse momento foi expresso, de forma irrepetivel, única e perfeita pela “palette” de Geoges Seurat.

2007

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