Terras de Aguiar, Pátria da minha Ancestralidade
Num’aldeia, num ciciar, descobri aquela liberdade
De ser, de sentir, de comungar, a natureza ideal
Por ter, por possuir, aquele lar, fora do meu litoral.
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Como rapazola da cidade, em cíclica estivalidade
Via na montanha a saudade, da citadina herdade
Pois era neles qu’exista, em forma plenipotenciária
E era na aldeia que vivia, a minha alma hereditária!
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No sol que brilhava a pique, reflectindo-se nas fragas
Nas chuvas que galgavam diques, sem mais amarras
Nos trovões ensurdecedores, nos relâmpagos archeiros
A natureza em clamores, rachando em dois, o castanheiro…
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Uma paisagem de vida, que trotava em pêlo, monte acima
Num arrebatamento de corrida, apenas revolto na crina
Galhos que se partiam no rosto, desbravados na cortina
Dum mundo majestoso, véu da minha civilizada rotina!
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No Lobo sentia o espírito, nas histórias contadas no povo
Tido como elemento maldito, pela sua intrepidez e arrojo
Que o gado atacaria em fome, para penúria daquela gente
Criando em mim, o síndrome, entr’o utilitário e o divergente!
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Pois tinha a natureza por una, e na sua comunhão, o espírito
Não concebia qu’a comuna, tomasse o selvagem por ímpio
Todos lutam p’la sobrevivência, mesmo aquela velha matilha
Sentido tal, como uma sentença, nos pregos das armadilhas!
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Mas respeitava os anciãos, que respeitados eram pelos seus
Tinham as tribos do sententrião, a cruz dos Reinos Suevos
Que bárbaros vieram edificar, os novos trilhos pós-romanos
Visigodos, por fim, assentar, o irrequieto gene dos germanos!
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E naquele castelo altaneiro, assente sobre um forte penedo
Um foral por pioneiro, fez de Aguiar da Pena, o luso enredo
Terra de fragas e estadulhos, de crivos montes e forte raça
Panteão do meu orgulho, numa amálgama de dura couraça!
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Que no cruzamento mais cénico, naquelas montanhas de luz
Tenho, por certo, o sintético, das reminiscências d’Al-Andaluz
Pois o meu nome contém, origens longínquas por conversão
E se do Magrebe não provi, sou Judeu por certo, ou do Islão!
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Sou uma diáspora interna, daquelas terras transmontanas
De meu pai herdei a giberna, das minhas acções espartanas
De minha mãe, a gaélica, no meu nordestino rosto celtibero
Mas é na Parada Citânia, qu’eu me concebo, no Aguiar útero!
Excelente poema, amigo Ernesto
Obrigado, caro amigo!